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segunda-feira, 23 de março de 2015

Lição 13 - Subsídio A igreja e a Lei de Deus

Postado por Alex Sandro                                                                                             VOLTAR



INTRODUÇÃO
- No encerramento do estudo sobre os dez mandamentos, veremos o papel da lei de Deus na Igreja. Cumprimos a lei, porque Cristo vive em nós.
O enfoque do presente capítulo é a compreensão da lei de Moisés e a sua relação com o evangelho. Trata- -se de um tema de grande complexidade. Disse Lutero: "Quem sabe distinguir corretamente o evangelho da lei deve agradecer a Deus e pode estar certo de que é um teólogo". Os três principais reformadores do século 16 debateram o assunto. Depois dessa série de estudos sobre o Decálogo e cada um dos seus preceitos, resta responder a duas questões: se a moral cristã está fundamentada nas dez palavras ou nos Dez Mandamentos (como aparece em nossas versões da Bíblia) e qual a sua relevância para a Igreja de Cristo na atualidade.

I O QUE SIGNIFICA CUMPRIR A LEI
- Conforme vimos no icio do trimestre, Deus é o Senhor de todas as coisas, vez que criou us e terra (Gn.1:1), a Ele, pois, tudo pertencendo (Sl.24:1). Em virtude do senhorio de Deus, temos que é d’Ele a fonte de toda a ordem que existe no Universo, sendo Ele o autor das leis que regem tanto o mundo físico, quanto o mundo moral.
- Destarte, as leis instituídas pelo Senhor são imutáveis e todas as Suas criaturas estão submetidas a tais leis. As leis estabelecidas por Deus, portanto, não podem jamais ser revogadas, são imutáveis, pois Deus é imutável (Ml.3:6).
- Portanto, os preceitos estabelecidos por Deus para o ser humano, preceitos morais indispensáveis para que o homem possa cumprir o propósito a ele determinado pelo seu Criador, valem em todas as épocas, sendo essencialmente os mesmos desde a criação do homem.
- Diante desta realidade, precisamos, pois, observar que a lei de Deus” sempre existiu, desde a criação do mundo, pois é a expressão da Sua vontade para com o homem e, como tal, em todas as dispensações, ou seja, em todos os períodos em que Deus Se relacionou com o homem de um determinado modo buscando a salvação da humanidade, sempre havia preceitos que o homem deveria observar, reconhecendo, assim, a soberania e o senhorio divinos, reconhecendo ser apenas uma criatura que deveria servir ao seu Criador.
- Não devemos, portanto, confundir a lei de Deus, este conjunto de princípios e regras estatuídos por Deus ao homem para que este pudesse cumprir o propósito divino, na condão de ser moral que é, com a dispensação da lei, que foi um período em que Deus tratou com a humanidade, através do pacto estabelecido no monte Sinai com Israel, a propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos, pacto este que teve nos dez mandamentos, escritos pelo dedo de Deus nas duas tábuas de pedra (Dt.4:12,13), a sua síntese, o seu resumo.
- A dispensação da lei é um período que se inicia no pacto estabelecido entre Deus e Israel no monte Sinai e que termina quando do sacrifício de Cristo Jesus na cruz do Calvário, que é quinto período da revelação progressiva de Deus à humanidade, de Seu plano para a salvação da humanidade.
- Por isso, não podemos confundir a lei de Deus com a dispensação da lei. Deus é o Senhor e o Soberano, de modo que sempre teremos de seguir as Suas regras, os Seus preceitos, os Seus princípios, pois Ele é o Senhor e nós, Seus servos. Por isso, o ser humano sempre estará debaixo da lei de Deus, sempre deverá obedecer ao Senhor, reconhecendo Sua soberania e Seu senhorio.
- A dispensação da lei, no entanto, foi um período em que, diante da incredulidade de Israel e da sua imaturidade espiritual, não pôde o Senhor instituir a comunhão completa com Ele, não de fazer de Israel o reino sacerdotal e povo santo que havia proposto aos israelitas no Sinai, dispensação esta que se constituiu de 613 preceitos, que deveriam ser observados pelos israelitas, enquanto eles aguardavam a vinda do Messias, Aquele que faria o que a atitude de Israel no pacto do Sinai não permitiu que se fizesse, ou seja, o estabelecimento da unidade entre Deus e Israel, da perfeita comunhão, da retirada do pecado e da salvação.
- A lei trazida por Moisés ao povo de Israel, portanto, representa este pacto transitório, em que se aguardaria a consumação da salvação, o que somente se faria por intermédio de Cristo Jesus, o Messias prometido e anunciado pelo próprio Moisés (Dt.18:15-19). Seria este profeta que complementaria o plano salvífico de Deus, tornando-o pleno e não apenas um paliativo e remédio, não apenas um aio, permitindo, assim, que se concretizasse o que proposto por Deus e o aceito por Israel no monte Sinai.

II – O SENHOR JESUS VIVEU A LEI
- Entendida, então, a distinção entre a lei de Deus e a dispensação da lei, precisamos ver qual o papel que Jesus desempenhou em relação à lei, pois, como vimos, Cristo foi anunciado por Moisés como sendo um profeta que deveria ser ouvido pelo povo e que traria aquilo que Moisés não pôde trazer ao povo quando do estabelecimento do pacto entre Deus e Israel no monte Sinai.
- O próprio Jesus diz qual é o Seu papel em relação à lei logo no sermão do monte, que é o Seu discurso ético por excelência, onde temos o resumo da Sua doutrina (Mt.7:28).
- O Senhor inicia Seu sermão ético apontando as bem-aventuranças (Mt.5:1-12), que nada mais são que as qualidades que deve ter o discípulo de Cristo Jesus. Quando analisamos as bem-aventuranças, percebemos que o discípulo de Jesus é alguém que tem qualidades que não se encontram em a natureza humana depravada pelo pecado, mas que exige uma nova criação para se manifestar.
- A natureza pecaminosa do homem não pode gerar a bem-aventurança, pois a carne não pode produzir o que é espiritual. Por isso, é necessário que nasçamos de novo e este novo nascimento somente é possível mediante a fé em Cristo Jesus.
- Vemos, portanto, que Jesus não veio para destruir a lei, lançá-la abaixo, anulá-la, invalidá-la. Jesus, sendo Deus, sendo o Verbo (Jo.1:1-3,14), não poderia desfazer aquilo que Ele mesmo fizera, pois Deus é imutável (Ml.3:6), não é homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa (Nm.23:19). O mandamento é justo, bom e santo (Rm.7:12), é a expressão da vontade de Deus e não poderia, por isso mesmo, ser anulado, invalidado pelo próprio Deus que o deu.
- Jesus não pode destruir a lei, pois a lei foi estabelecida por Deus desde a criação do homem, como um regramento moral necessário e indispensável para seres morais criados por Deus e que não serão jamais aniquilados pelo Criador.
- Jesus foi incisivo, portanto, ao mostrar que não veio invalidar a lei, não veio desintegrá-la, anulá-la nem destruí-la, aporque, como Deus, não poderia fazê-lo, pois Deus não é contraditório, é imuvel, não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13).
Jesus,  entretanto,  dissque  veio  cumprir a  lei.  palavra  grega  utilizada  aqui  é  pleróo” (πληρόω), cujo significado é o de encher completamente, encher até a boca, satisfazer, executar, concluir, verificar, realizar, aperfeiçoar, estar completo” (Bíblia de Estudo Palavra-Chave. Dicionário do Novo Testamento, n.4137, p.2358).
- Jesus, porém, veio ao mundo para cumprir esta lei que ninguém havia cumprido, veio realizá-la, ou seja, torná-la um fato histórico e não apenas preceitos escritos que jamais haviam se tornado realidade.
- Jesus cumpriu a lei integralmente, em todos os seus preceitos, sejam os morais, sejam os civis, sejam os cerimoniais. Como bem ensina Frank Brito, a lei continha preceitos morais, estabelecidos por Deus independentemente do pecado, desde o instante da criação do mundo, como também preceitos civis e cerimoniais, que foram estabelecidos por causa do pecado, já que o pecado persistiu existindo, ante a incredulidade e o distanciamento dos israelitas no monte Sinai.
- Por isso, ao expirar na cruz, o véu do templo se rasgou de alto a baixo (Mt.27:51; Mc.15:38; Lc.23:45), a indicar que a barreira que existia entre Deus e o homem havia se rompido e que, agora, o homem podia, por Cristo, ter pleno acesso ao Senhor, podia entrar em comunhão com o Senhor, podia, finalmente, ser salvo e, portanto, poderia, em Cristo, cumprir a lei e na sua plenitude.

III – A LEI NÃO PODE SER REVOGADA
- Jesus veio cumprir a lei, ou seja, dar-lhe o verdadeiro sentido e torná-la uma realidade histórica, completando aquilo que ficara inconcluso quando do pacto entre Deus e Israel. Através de Jesus, vieram a graça e a verdade (Jo.1:17) e, por meio deste favor imerecido, a Palavra pode ser inserta em nossos corações e, assim, não mais vivemos, mas Cristo vive em nós, somos novas criaturas capazes de cumprir os preceitos morais que constavam da lei transmitida aos israelitas por intermédio de Moisés.
- Ao cumprir a lei e tirar o pecado do mundo mediante o sacrifício perfeito ocorrido na cruz do Calvário, o Senhor Jesus, como diz o apóstolo Paulo, nos permitiu chegar perto de Deus (Ef.2:13), formando um novo povo, decorrente da união de judeus e de gentios, a Igreja, criando um novo homem, desfazendo a inimizade, ou seja, a lei dos mandamentos (Ef.2:14-16).
- Não estamos, pois, como Igreja, debaixo da lei. Cristo nos resgatou da maldição da lei, uma vez que, morrendo por nós e pagando o preço dos nossos pecados, pôde nos trazer a graça, ou seja, o favor imerecido de recebermos o perdão dos pecados, a retirada dos pecados, pela fé em Cristo Jesus, fazendo-nos, portanto, chegar perto de Deus. A lei, instituída por causa do distanciamento do povo de Israel, não se aplica àqueles, judeus ou gentios, que se chegam a Deus pelo sangue de Jesus, pela fé n’Ele.
- Quando não mais vivemos, mas Cristo vive em nós, podemos cumprir os mandamentos, em sinal de gratidão a Deus e como resultado da vida de comunhão que temos com o Senhor. É esta a unidade que o Senhor Jesus diz ter vindo estabelecer, em Sua oração sacerdotal, quando afirma que esta unidade é constituída para que o mundo creia que Ele foi enviado pelo Pai (Jo.17:22,23).
- É evidente que, mesmo salvos em Cristo Jesus, não temos condão de cumprir integralmente os mandamentos, visto que a natureza pecaminosa ainda habita em nós e, vez ou outra, pecamos, visto que ainda não fomos glorificados. O mesmo Catecismo de Heidelberg atesta isto, em definições lapidares, que valem a pena transcrever:
- É por isso que o apóstolo Paulo diz que a fé não anula a lei, mas, antes, a estabelece (Rm.3:31), pois, a partir do momento que somos salvos pela graça, pela fé em Cristo, tendo os nossos pecados perdoados e nascendo de novo pelo Espírito, passamos a ser homens espirituais (I Co.2:14,15) e, como novas criaturas, podemos, então, cumprir os preceitos morais da lei, a chamadalei de Cristo” (I Co.9:21; Gl.6:2).
- Por isso, não temos liberdade para pecar (Rm.6:1-7). É este o simbolismo do batismo nas águas: morremos para o pecado, não mais vivemos, mas agora Cristo vive em nós e, por isso, somos livres e resgatados do pecado, para viver conforme a vontade de Deus, o que significa que passaremos a cumprir os mandamentos, passaremos a ter qualidades especiais, presentes no fruto do Espírito (Gl.5:22).
- Daí porque termos estudado os dez mandamentos neste trimestre, condutas que, em sendo praticadas por nós, pelo fato de Cristo viver em nós, da um alto testemunho da salvação em Cristo Jesus, não só demonstrando que estamos caminhando para o u, mas levando outros também a seguir este caminho. Temos tido tal consciência? Que Deus nos ajude a cumprirmos tal objetivo de Deus em nossas vidas. Amém!

IV – A LEI E O EVANGELHO
Tais críticos fazem uma falsa dicotomia entre a Lei e o Evangelho.
Chamamos de "Palavra de Deus" os livros canônicos do Antigo e Novo Testamentos, por terem procedido da boca do próprio Deus.
Dividimos esta Palavra em duas partes principais: uma e chamada "Lei", a outra "Evangelho"'.
O que chamamos de Lei é a doutrina cuja semente é escrita pela natureza em nossos corações. Entretanto, para que nosso conhecimento fosse mais preciso, ela foi escrita por Deus, em duas tábuas e é compreendida, resumidamente, em dez mandamentos. Neles, Deus estabelece para nós a obediência e a perfeita justiça, as quais devemos a Sua majestade e aos nossos semelhantes, em termos contrastantes: vida eterna, se guardarmos a Lei perfeitamente, sem omitir um ponto sequer, ou morte eterna, se não cumprirmos completamente cada mandamento (Dt. 30: 15-20; Tg. 2:10).
O que chamamos de Evangelho (Boas Novas) é a doutrina que não está totalmente em nós por natureza, mas é revelada do céu (Mt. 16:17; Jo. 1: 13) e supera totalmente, o conhecimento natural. Por ele, Deus testifica que é Seu propósito nos salvar graciosamente através de Seu único Filho (Rm. 3:20-22), providenciando que, pela fé, nós recebamos a Jesus como nossa única sabedoria, justificação, santificação e redenção (1 Co. 1:30). Por ele (o evangelho), o Senhor nos testifica todas essas coisas, e o faz de tal maneira, que ao mesmo tempo Ele nos renova de forma poderosa, nos capacitando a receber os benefícios que nos são ofertados. (1 Co. 2:4). 

Vejamos os textos abaixo:
1º) Em Romanos 3:19, 20 Paulo diz que não somos salvos pela lei porque a função dela é nos dar conhecimento de que somos pecadores. Essa função da lei é novamente apresentada pelo apóstolo em Romanos 7:7.
2º) Em complemento a isso, Paulo diz em Romanos 7:12 que a Lei é “santa, justa e boa”, ou seja: ela reflete o caráter de Deus, seu Legislador (Is 33:22): um caráter santo, justo e bom.
3º) Já em Romanos 7:14, ele afirma que a lei é “espiritual”. Isso significa que ela é de origem divina. Desse modo, a lei deve ser observada espiritualmente, pela fé (Rm 1:5 e 16:26) e jamais como um “meio” de salvação (Ef 2:8-9; Gl 3:1-3).
Agora, veja como a Lei e o Evangelho estão de “mãos dadas”:
É a partir do momento em que contemplamos a lei e vemos o quanto somos pecadores por não conseguirmos viver 100% dentro dos padrões dela, é que sentimos a necessidade de um Salvador, que é Cristo – e mais ninguém! (At 4:12). Se tirarmos a Lei de nossa experiência cristã, não teremos aquele “espelho” que mostra nossa condição pecaminosa para que corramos para os braços de Jesus – o único que pode “nos limpar” por Sua graça e Justiça (Rm 3:25, 26).
Além disso, se a Lei tivesse sido abolida, a cruz perderia todo o sentido. Afinal, Cristo teria morrido para pagar o quê? Por qual pecado Ele teria morrido se não houvessem padrões morais que tivessem sido transgredidos pela humanidade? Como bem disse Paulo em Romanos 5:13: “o pecado não é levado em conta quando não há lei”. Sendo que há pecado, isso prova que existe uma Lei que é transgredida e pela qual o próprio Deus pagou para nos dar a vida eterna em Cristo!
A respeito desse assunto, assim se posicionou uma Bíblia de Estudo evangélica (de não observadores do sábado), em uma nota de rodapé a respeito de Romanos 3:31:
“As leis morais de Deus não são abolidas pelo evangelho de Cristo. Ao invés disso, todo o plano de salvação, incluindo a obediência de Cristo à Lei por nós e sua morte para pagar a penalidade por termos violado a Lei, mostra que os padrões morais de Deus são eternamente válidos.” (Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2001, p. 1155).
Percebeu a incoerência dos críticos em tentarem anular a Lei de Deus, ainda mais tendo em vista as palavras de Jesus em Mateus 5:17-19?
Desse modo, o fato de o sábado ser um símbolo do descanso espiritual que desfrutamos em Jesus todos os dias (Hb 4) em nada afeta o mandamento. Continuamos tendo essa obrigação moral e espiritual para com Deus (Ex 20:8-11; compare com Ap 14:6, 7 e 12) como sinal de nossa aliança de amor e respeito a Ele (Ez 20:12, 20, 21).
 “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei.”

Um abraço e que Deus lhe abençoe e guarde amigo leitor.


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