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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Lição 09 - Subsídio - Não Adulterarás (01 Março)

Postado por Alex Sandro






O sétimo mandamento continua atual porque o mundo está às avessas, dizendo "não" a tudo aquilo que Deus diz "sim” na sua Palavra, e "sim" a tudo o que a Bíblia diz "não". O resultado é o caos na família e na sociedade.

O adultério é a relação sexual de um homem casado com uma mulher que não é sua esposa e vice-versa. Para muitos, tal prática pode parecer normal, mas a Palavra de Deus declara: "Não adulterarás" (Êx 20.14; Dt 5.18). Isso vai muito além da cópula extraconjugal. É a proibição de toda a forma de prostituição; é Deus dizendo "não" a todas as concupiscências desnaturais, imaginações e pensamentos impuros e lascivos (Mt 5.27, 28).

O quinto mandamento resguarda a vida familiar de ruptura interna. Mas aqui o sétimo mandamento requer um relacionamento de amor e fidelidade entre marido e mulher. É isso o que Deus espera de todos os casais. Na verdade, são ideais provenientes da criação (Gn 2.24). O objetivo deste mandamento é conservar a sacralidade da família que foi instituída por Deus por meio do casamento no jardim do Éden (Gn 2.18-24). A santidade desse relacionamento familiar deve ser mantida. Esta lei servia também para Israel manter a pureza sexual e evitar as práticas da cultura egípcia, de onde os israelitas saíram, e da cultura cananeia, para onde o povo se dirigia. Os preceitos pertinentes estão descritos com abundância de detalhes no sistema mosaico (Lv 18.6-30; 20.10-21).

O SÉTIMO MANDAMENTO

O verbo hebraico "adulterar, cometer adultério", não apresenta problema linguístico neste mandamento, diferentemente do que pensam alguns expositores bíblicos. O termo aparece trinta e quatro vezes no Antigo Testamento, nove vezes em Jeremias, sete em Ezequiel, seis em Oseias, seis no Pentateuco e quatro na literatura sapiencial. O verbo ocorre no Decálogo, em Êxodo e em Deuteronômio como lo ’ tinã ’ph,'m "Não adulterarás" (Êx 20.14; Dt 5.18). As outras quatro vezes aparece em Levítico, que traz de maneira clara e inconfundível a definição de adultério no contexto da época: "Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera" (Lv 20.10). Esse conceito é aprofundado no Novo Testamento. O cristianismo restaura a monogamia originalmente estabelecida pelo Criador, visto que a estrutura da sociedade do Antigo Testamento era polígama. A lei se aplica se o ato envolver uma mulher casada ou comprometida (Dt 22.22-26). Mas, se a mulher for solteira, o homem será obrigado a se casar com ela e nunca mais poderá se divorciar, além de pagar uma indenização ao pai da moça (Dt 22.28, 29). Na nova aliança, não há nada disso; o sétimo mandamento é adaptado à graça, e o assunto é levado à esfera espiritual e não jurídica ou legal (Jo 8.1-11). Os adúlteros contumazes e inveterados perdem o direito à vida eterna no céu (1 Co 6.10; Ef5.5;Ap 22.15).

Os termos hebraicos para adultério são ni’uph,w2 que só aparece duas vezes no Antigo Testamento (Jr 13.27; Ez 23.43) e na’ãphüph,103 que só aparece uma vez (Os 2.2 [4]). Essas três ocorrências estão no plural. A Septuaginta traduz as duas palavras por moicheia,M o mesmo termo usado no Novo Testamento grego, onde só aparece três vezes (Mt 15.19; Mc 7.22; Jo 8.3).

O verbo hebraico zãnãh,ws "cometer fornicação, praticar prostituição", designa primariamente um relacionamento sexual fora de uma união formal. O particípio do verbo zãnãh é zonãh, e se refere à mulher que se entrega a tal prática. A isso comumente se chama "fornicação", mas se um dos envolvidos tiver já assumido união formal com outra pessoa este ato será considerado adultério. O verbo zãnãh e os substantivos derivados zenümm,106 zenüt107 taznüt,108 "fornicação, prostituição", são sinônimos quase perfeitos. Zenüním aparece onze vezes (Gn 38.24; 2 Rs 9.22; Ez 23.11 [duas vezes]; 23.29; Os 1.2 [duas vezes]; 2.3[4], 4[6]; 4.12; 5.4; Na 3.4 [duas vezes]; zenüt ocorre nove vezes (Nm 14.33; Jr 3.2, 9; 13.27; Ez 23.27; 43.7, 9; Os 4.11; 6.10) e taznüt só aparece em dois capítulos de Ezequiel: no capítulo 16, nove vezes, e, no capítulo 23, onze vezes. A Septuaginta emprega o termopornê,m "prostituta, meretriz".

O substantivo porneia e o verboporneuõU0 aparecem na Bíblia para designar orgia (Nm25.1; 1 Co 10.8), incesto (1 Co5.1) e práticas homossexuais (Jd 7). O termo porneia, às vezes, aparece junto com adultério e, outras vezes, como sinônimo, mas é um termo genérico e indica "prostituição, incastidade, fornicação, adultério, imoralidade, práticas homossexuais", ao passo que moicheia é usado especificamente para adultério e nunca se aplica à prostituição.
O Antigo Testamento emprega todos esses termos também de forma metafórica para descrever a apostasia de Israel e sua infidelidade a Javé, seu Deus. O profeta Ezequiel, no capítulo 16, descreve a apostasia de Israel como prostituição e revela a diferença entre nã ’ph zãnãh.

A "meretriz", zonãh, substantivo derivado do verbo zãnãh, é a mulher que recebe pagamento por favores sexuais (Ez 16.31b). Esse conceito é reiterado nos versículos 33 e 34. A "mulher adúltera", hã-ishãh ham-mnã’ãphet,ul é a que recebe estranhos em vez do marido (Ez 16.32). O Antigo Testamento nunca emprega naphpara designar a prostituta profissional. Essa diferença é verificada em Provérbios, quando afirma que a zonãh é a mulher que se oferece por um pedaço de pão, "prostituta" (Pv 6.26), ao passo que no ’êph, "adúltera", é a mulher que tem marido mas se entrega a outro homem (Pv 6.32-34).

O sétimo mandamento inclui também a proibição da prática homossexual. É o próprio Deus quem chama o comportamento homossexual de abominação, e a lei aplica a pena de morte contra os que cometerem tal pecado (Lv 18.22; 20.13). Era a prática do culto cananeu que envolvia a chamada "prostituição sagrada" (1 Rs 24.24; 15.12). O sodomita e a rameira são colocados na mesma categoria (Dt 23.17). A prática é proibida em toda a Bíblia (Rm 1.24-28; 1 Tm 1.10), mas a nova aliança leva o assunto para a esfera espiritual, implicando a salvação e não a pena capital (1 Co 6.10). O ensino de Jesus é: "Vai-te e não peques mais" (Jo 8.11).

O apóstolo Paulo afirma que o poder do evangelho resultou em uma mudança desse estilo de vida especificamente na cidade de Corinto (1 Co 6.11). No Brasil, o homossexual que precisar de ajuda para abandonar esse estilo de vida não poderá contar com ajuda de psicólogos. Estes são autorizados a ajudar a quem deseja ser homossexual, mas são constantemente ameaçados pelas autoridades se ajudarem quem pretende abandonar tal prática. São leis iníquas como essas que afrontam a Deus e ameaçam os fundamentos da família. Jesus e Paulo estariam hoje em dificuldades diante da justiça brasileira.

O Senhor Jesus anunciou de antemão os dias de Sodoma e Gomorra para o fim dos tempos, antes da sua vinda (Lc 17.28-30). Atualmente, é grande a pressão das autoridades civis e da mídia contra a Igreja, pois elas estão institucionalizando a iniquidade como já tem acontecido em alguns países. Devemos tomar cuidado, pois o alvo desse movimento está mais além: cercear a liberdade religiosa. A solução é orar a Deus para que o Estado respeite nossas crenças, princípios e tradições, razão pela qual devemos respeitar o direito dos outros. É o mínimo que se espera num estado democrático de direito, pois os direitos de César terminam onde começam os de Deus (Mt 22.21; At 5.29).

Igreja não é Estado: a Igreja é regida pelo Espírito Santo por meio da Palavra de Deus, e o Estado é regido por sua constituição. Não somos um Estado teocrático nem é papel do cristão impor a Bíblia à legislação do país. "O mundo inteiro jaz no Maligno" (1 Jo 5.19, ARA). Nosso dever é pregar o evangelho para a salvação de toda a sorte de pecadores e não nos envolver em passeatas e manifestos (Mt 28.19, 20).

O CASAMENTO

O casamento é um projeto divino, pois Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele" (Gn 2.18). A instituição foi sancionada pelo Senhor Jesus com sua honrosa presença nas bodas de Caná da Galileia (Jo 2.1-11). Está escrito: "Venerado seja entre todos o matrimônio" (Hb 13.4). A frase "Bom seria que o homem não tocasse em mulher" (1 Co 7.1) é uma citação da carta que o apóstolo recebeu dos irmãos da Igreja de Corinto. Essas palavras não são ensinos paulinos, senão o apóstolo estaria contrariando o princípio da procriação (Gn 1.12) e o Deus que declarou: "Não é bom que o homem esteja só" (Gn 2.18); além, disso, estaria também defendendo o celibato para todos os homens. Os rabinos ensinavam que o casamento era uma obrigação do homem e outros diziam ainda que era um dever da mulher.

O casamento é reconhecido em todas as civilizações e não há como ficar fora das relações sociais e civis. É um contrato jurídico de uma união espiritual, como disse Myer Pearlman em seu Manual do Ministro. O Estado, como guardião desses direitos, tem legitimidade para legislar sobre o tema, e isso envolve herança, propriedade, filhos. Mas vivemos em um tempo que nem sempre o que é legítimo para o Estado é aceitável a Deus. O mundo está às avessas, como disse Jeremias: "Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra" (Jr 5.30). Este sistema não é padrão para a Igreja (Rm 12.2). A Palavra de Deus está acima de qualquer lei terrena.

A natureza do casamento está fundamentada nas palavras: "Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne (Gn 2.24). O homem e a sua esposa formam "uma só carne" e ambos juntos formam o ser humano completo. A expressão "uma carne" ou "uma só carne" (ARA e TB) se refere à comunhão, à unidade física, intelectual e espiritual. A unidade física é o relacionamento sexual dentro do casamento, que tem o aval divino por ser uma prática pura e santa aos olhos de Deus. A Bíblia chega a comparar a intimidade conjugal com o relacionamento entre Deus e Israel (Is 54.5; Os 2.19,20) e da mesma forma com o relacionamento místico entre Cristo e a Igreja (2 Co 11.2).

Assim, a relação sexual com alguém que não é o cônjuge representa a ruptura desse vínculo sagrado que Deus estabeleceu no Éden desde o princípio. Segundo o Handy Commentary, o adultério "é uma invasão da vida doméstica, a destruição da família, a dissolução do contrato fundamental da ordem social" (apud MESQUITA, 1979, p. 189). Não se trata meramente de uma desonra ou de um ato vergonhoso, mas de algo com profundas implicações na vida humana. Mesmo depois da cura, ficam as cicatrizes. A lei contra o adultério e sua respectiva sentença aos infratores valiam tanto para o homem como a mulher em Israel (Lv 20.10; Dt 22.22).

As palavras "Deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar- -se-á à sua mulher" (Gn 2.24) revelam o princípio original da monogamia, pois o texto não diz: "e apegar-se-á às suas mulheres". A monogamia foi instituída pelo Criador, porém a poligamia foi adotada pelos homens. O primeiro polígamo da história foi Lameque (Gn 4.19). A poligamia era tolerada na época de Moisés (Êx 21.7-11; Dt 21.15), mas ela é pecaminosa porque viola o princípio original e permanente do matrimônio. O Novo Testamento ensina a monogamia: "Cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido" (1 Co 7.2). Qualquer relação sexual fora do casamento é adultério no Novo Testamento. Não existe o sistema de concubinato na fé cristã (Mc 10.11,12).

Ao longo da história da interpretação, expositores judeus e cristãos reconheceram como pertinentes ao sétimo mandamento as proibições concernentes a toda sorte de incastidade e aberrações sexuais. O livro Casamento, Divórcio & Sexo à Luz da Bíblia, de minha autoria e publicado pela CPAD, enfoca o casamento, o concubinato e a união estável, o homossexualismo e a prostituição, o divórcio e o papel da Igreja, cuja leitura recomendo. O tema é atual e de grande importância para o fortalecimento da família.

O ENSINO DE JESUS

O Senhor Jesus, no Sermão do Monte, depois de falar sobre o sexto mandamento, seguiu a mesma ordem do Decálogo, mencionando a proteção da vida e a preservação da família. Ele reiterou o que Deus disse no princípio da criação sobre o casamento, que se trata de uma instituição divina, uma união estabelecida pelo próprio Deus (Mt 19.4-6).

"Não adulterarás" é citado no Sermão do Monte e para o moço rico (Mt 5.27; 19.18; Mc 10.19; Lc 18.20). Jesus corrigiu com autoridade e muita propriedade o pensamento equivocado dos líderes religiosos dos seus dias. Os escribas e fariseus haviam reduzido o mandamento "Não adulterarás ao próprio ato físico e, desconhecendo o espírito da lei, apegavam-se à letra da lei (2 Co 3.6). Assim, como é possível cometer assassinato sem o ato concreto, mas apenas com a cólera ou palavras insultuosas, da mesma forma é possível cometer adultério só no pensamento. Parece que os rabis daquela época não davam a devida atenção ao décimo mandamento que ordena não cobiçar a mulher do próximo.

O adultério começa na mente contaminada pela cobiça e termina no corpo pela prática física (Mt 15.34; Tg 1.15). O ensino de Jesus é mais profundo e vai à raiz do problema. Ele disse que nem é preciso o homem se deitar com uma mulher para cometer adultério; basta olhar e cobiçar uma mulher que não seja sua esposa, e já cometeu adultério com ela (Mt 5.28). É o adultério da mente que é consumado no corpo; não se restringe somente à prática do ato, mas também ao pensamento. E a sanção contra o referido pecado é de caráter espiritual e se distingue do sistema mosaico.
Não é proibido olhar para uma mulher e vice-versa, pois há diferença entre olhar e cobiçar. O pecado é o olhar concupiscente. O sexo é santo aos olhos de Deus, desde que dentro do casamento, nunca fora dele. A Palavra de Deus ressalta: "Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula" (Hb 13.4). O termo grego para "venerado" é tímios,112 "honrado". A Versão Almeida Atualizada traduz por: "Digno de honra"; e a Tradução Brasileira por: "Seja honrado". Que os votos de fidelidade do casamento  sejam mantidos e da mesma maneira seja puro o relacionamento matrimonial. O livro de Cantares de Salomão mostra que o sexo não é apenas para procriação, mas também para o prazer e a felicidade dos seres humanos. Jesus não está tratando disso, não está questionando o sexo, mas combatendo a impureza sexual e o sexo ilícito, a prostituição. O ensino dele é que qualquer prática imoral no ato é igualmente condenada no olhar, no pensamento e na imaginação (Mt 5.27). Jesus disse que os adultérios procedem do coração humano (Mt 15.19).
Cabe aqui uma breve reflexão sobre o divórcio. Trata-se de um dos temas mais polêmicos da Igreja. Essas controvérsias já existiam mesmo antes do nascimento de Jesus. O divórcio na lei de Moisés previa novas núpcias, e a base para a sua legitimidade nunca ficou clara no Antigo Testamento:

Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então, será que, se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia, ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão, e a despedirá da sua casa. Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem...
(Dt 24.1,2).

O "escrito de repúdio" significa "termo de divórcio" (ARA). A mulher não era considerada adúltera se contraísse novo casamento, mesmo tendo o seu primeiro marido encontrado nela "coisa feia". Não se sabia o que a lei queria dizer com tal expressão "coisa feia" ou "indecente" (ARA). Havia muita discussão entre as principais escolas rabínicas no período de Herodes, o Grande, Hillel e Shammai. O primeiro era liberal, e o segundo, conservador. Para Hillel e seus seguidores, "coisa feia" era qualquer coisa que o marido considerasse como tal. Mas, para Shammai e seus discípulos, o termo se referia aos pecados sexuais.

Os fariseus levaram o assunto a Jesus. Eles não perguntaram sobre o divórcio, mas sobre as bases para a sua legitimidade: "É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?" (Mt 19.3). Essa era a escola de Hillel. Os fariseus queriam saber qual escola Jesus apoiava. Mas o Senhor Jesus se dirigiu à Palavra. O casamento é indissolúvel, foi a sua conclusão sobre Gênesis 2.24, "o que Deus ajuntou não separe o homem" (Mt 19.6). O que fazer com o mandamento de Moisés?, perguntaram a Jesus (Mt 19.7). Moisés não deu esse mandamento; era uma interpretação precipitada, pois uma leitura cuidadosa em Deuteronômio 24.1 -4 mostra que não se trata de uma ordem. Por isso, Jesus disse que Moisés "permitiu", e isso "por causa da dureza do vosso coração" (Mt 19.8). Deus só permitiu o divórcio por causa do pecado humano; portanto, trata-se de um instituto contrário à vontade de Deus. A Bíblia não ensina, não encoraja, não aconselha nem incentiva o divórcio. É um remédio extremamente amargo para uma solução inglória.

Quando o Senhor Jesus fez menção do divórcio no Sermão do Monte, referia-se ao mencionado em Moisés (Dt 24.1 -4) e deixou claro que a única base que pode legitimar o divórcio é a infidelidade conjugal: "Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete adultério" (Mt 5.32) e fraseologia similar (Mt 19.9). A prostituição é a "coisa feia" que ninguém sabia, talvez porque tal pecado podia implicar na pena capital. Mas agora tudo se esclarece e a "coisa feia" vale também para o homem.

O apóstolo Paulo acrescentou mais um elemento que pode legitimar o abandono: "Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não está sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz" (1 Co 7.15). A NTLH emprega

"quiser o divórcio" no lugar de "se apartar". A voz do verbo grego mostra que a iniciativa é da parte incrédula que se aparta. Assim, a deserção deve ser considerada se for por causa da fé cristã e por iniciativa do cônjuge descrente.
Entendemos, portanto, como divórcio a dissolução do vínculo matrimonial por infidelidade conjugal, que viola a instrução divina de "uma só carne" (Gn 2.24; Mt 19.5) ou, por deserção, que viola a instrução de "apegar-se" (Gn 2.24). Em qualquer dessas duas situações, o cônjuge inocente tem direito a novas núpcias.

Deus é sábio e perfeito. Ele conhece todas as coisas, pois é onisciente. "Deus é amor" (1 Jo 4.8) e deseja o bem-estar de todas as pessoas. Somente ele sabe o que é bom e salutar para a vida humana. É insensatez confiar o destino eterno à lógica e à razão, pois a Bíblia é a Palavra de Deus, o manual divino do fabricante para todos os seres humanos. A vontade de Deus resumida no sétimo mandamento diz respeito à castidade do corpo e da mente, visando a preservação do casamento de um só homem com uma só mulher (1 Ts 4.3-7). A felicidade humana está em se deleitar em Deus.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Lição 8 - Não Matarás (22 Fevereiro)

Postado por Alex Sandro


TEXTO ÁUREO
"De palavras de falsidade te afastarás e não matarás o inocente e o justo; porque não justificarei o ímpio." 
(Êx 23.7)
VERDADE PRÁTICA
O direito à vida é um bem pessoal e inalienável; sua preservação e proteção devem ser parte da responsabilidade do homem cristão

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Gn 9.5,6
A vida deve ser protegida porque o homem é a imagem de Deus

Terça - Dt 19.4
Pena para o homicídio culposo, quando não há intenção de matar
Quarta - Dt 27.24,25
Pena para o homicídio doloso, quando há intenção de matar

Quinta - 1 Sm 2.6
Somente Deus, o Doador da vida, tem o direito de tirá-la
Sexta - Mt 5.21,22
O Senhor Jesus condenou o assassinato e o ódio
Sábado - Jo 10.10
O Senhor Jesus veio para que todos tenham vida


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Êxodo 20.13; Números 35.16-25

OBJETIVO GERAL

Apresentar o sexto mandamento, ressaltando o propósito de Deus pela proteção da vida. 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Ao lado, os objetivos específicos referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico. 
Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

Tratar a abrangência e o objetivo do sexto mandamento.
Ressaltar a importância da vida para Deus.
Apresentar o significado jurídico do homicídio. 
Descrever a punição do homicida.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Vivemos em uma sociedade marcada pela violência; por isso, esta é uma oportunidade ímpar para tratar a respeito do sexto mandamento - não matarás. Para muitos que não conhecem a Deus e a sua Palavra, a vida humana parece ter perdido o seu valor. Todos os dias milhares de pessoas matam e morrem por coisas triviais. A vida é um dom de Deus e, ao cometer um homicídio, além de estar infringindo a lei dos homens, a pessoa está indo contra o próprio autor e galardoador da vida, Deus.

COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O sexto mandamento manifesta o propósito de Deus pela proteção da vida. Sua vontade é que os seres humanos façam o mesmo. O tema é abrangente e complexo, razão pela qual deve ser estudado com diligência. A lei diz "não matarás". Isso não contraria a guerra, a pena capital e o próprio pensamento cristão? Mas o assunto não se encerra por aí. Esse é o tema do presente estudo.

I. O SEXTO MANDAMENTO
1. Abrangência. Este é o primeiro mandamento que consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de maneira simples com duas palavras: "Não matarás" (Êx 20.13; Dt 5.17). A legislação mosaica dispõe sobre o tema ao longo do Pentateuco, cuja abrangência fala contra a violência, o assassinato premeditado e o não premeditado. Temas como guerra, pena capital, suicídio, aborto e eutanásia são pertinentes ao sexto mandamento.
2. Objetivo. O sexto mandamento reflete o ensino geral do Antigo Testamento sobre o respeito à santidade da vida. O Senhor Jesus incluiu aqui o ensino sobre o amor (Mt 5.21,22). No novo concerto Ele inclui "pensamentos e palavras, ira e insultos". O Novo Testamento considera homicida quem aborrece a seu irmão (1 Jo 3.15). O objetivo deste mandamento é religioso e social, com o propósito de proteger a vida e trazer a paz entre os seres humanos (Mt 5.44; Rm 12.18).
3. Contexto. "Não matarás" já era um mandamento antigo, mas agora é introduzido de uma forma nova. O respeito à vida era conhecido na Antiguidade pelos mesopotâmios, egípcios e gregos, entre outros. O Código de Hamurabi (1750 a.C.), rei da Babilônia, é um exemplo clássico, contudo não se revestia de autoridade divina. Essa é a primeira distinção entre os códigos antigos e a revelação do Sinai. A outra é que Deus pôs sua lei no coração e na consciência dos demais povos (Rm 1.19; 2.14,15).

PONTO CENTRAL
A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la.

SÍNTESE DO TÓPICO I
Deus criou e deseja preservar a vida humana.  

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"Não matarás (20.13). 'Assassinar' é mais precioso aqui do que 'matar'. A palavra hebraica rasah  é a única sem paralelo em outras sociedades do segundo milênio a.C.Ela identifica 'morte de pessoas'; e inclui assassinatos premeditados executados com hostil intenção e mortes acidentais ou homicídios culposos. Dentro da comunidade da aliança, precisava-se tomar um grande cuidado para que ninguém perdesse a vida, mesmo por acidente. O termo rasah não é aplicado em mortes na guerra ou em execuções judiciais" (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse Capítulo por Capítulo. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 64).

II. IMPORTÂNCIA
1. Da vida. A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la (Gn 9.6). Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39). Três grandes personagens da Bíblia pediram a morte e não foram atendidas: Moisés, Elias e Jonas (Nm 11.15; 1 Rs 19.4; Jn 4.3). Tudo isso nos mostra que a vida pertence a Deus, e não a nós mesmos. Deus sabe a hora em que a vida humana deve cessar,  Ele é o soberano de toda a existência.
2. Não matar. A proibição do sexto mandamento é não assassinar. O verbo hebraico ratsach, "matar, assassinar, destruir", aparece 47 vezes no Antigo Testamento, em sua maior parte nos textos legais. A primeira ocorrência é nos Dez Mandamentos (Êx 20.13). A tradução mais precisa das palavras lo e tirtsach seria: "não assassinarás", ou "não cometerás assassinato", pois "não matarás" é uma expressão genérica. O dispositivo mosaico proíbe o homicídio premeditado, o assassinato violento de um inimigo pessoal (Êx 21.12; Lv 24.17). O termo refere-se também a homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar (Dt 4.42; Js 20.3).
3. Etimologia. São raros os termos correspondentes ao verbo ratsach nas línguas cognatas; só no norte da Arábia foi encontrado o verbo radaha, "quebrar em pedaços, estilhaçar". O termo ratsach não é usado na guerra nem na administração da justiça e não aparece no contexto judicial e militar. Parece haver uma única ocorrência em que ele é aplicado à pena de morte (Nm 35.30), mas estudos mostram que originalmente a ideia do verbo era de vingança de sangue. 

SÍNTESE DO TÓPICO II
É Deus quem dá ao homem o fôlego de vida e somente Ele tem o direito legal de pôr fim à vida.

III. PROCEDIMENTO JURÍDICO
1. Significado do homicídio. O homicídio é o maior crime que um ser humano pode cometer. A proibição do assassinato, apesar de constar dos códigos de leis anteriores ao sistema mosaico, já havia sido estabelecido pelo próprio Criador desde o limiar da raça humana: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem" (Gn 9.6). É contra Deus que o homicida está desferindo seu golpe ao tirar a vida de alguém, pois a imagem é a representação de uma pessoa ou coisa.
2. Homicídio doloso (Nm 35.16-21). Aqui são dadas instruções específicas acerca do procedimento jurídico sobre o homicídio doloso. Se alguém ferir de morte seu próximo, "com instrumento de ferro" (v. 16), "com pedra à mão" (v. 17) ou ainda "com instrumento de madeira" (v.17), ou por qualquer outra forma (vv.20,21), e a pessoa golpeada morrer, o autor da ação é considerado homicida. O substantivo "homicida", rotseach, vem do verbo ratsach e aparece repetidas vezes aqui. Trata-se de homicídio doloso. 
3. Homicídio culposo (Nm 35.22-25). Era o crime involuntário e acidental, razão pela qual o autor não devia morrer, e a lei estabeleceu o procedimento a ser seguido para livrar o réu da pena de morte. Ele precisava se refugiar numa das cidades de refúgio até provar que o homicídio fora acidental (Dt 19.4-6). A outra maneira de escapar das mãos do vingador do sangue era agarrar-se nas pontas do altar (Êx 21.12-14; 1 Rs 1.50, 51). Esses dois recursos equivalem ao habeas corpus concedido atualmente.

SÍNTESE DO TÓPICO III
Ao tirar a vida de alguém, o homicida está infringindo a lei dos homens e agindo diretamente contra o próprio autor da vida, Deus

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"Cidades de Refúgio - Entre as 48 cidades dadas aos levitas em Israel, seis, por ordem de Deus, foram indicadas como cidades de refúgio, ou asilo, para o 'homicida' (Nm 35.6,7). O próprio Moisés escolheu três delas no lado leste do rio Jordão: Bezer para os rubenitas, Ramote, em Gileade, para os gaditas; Golã, em Basã, para os manassitas (Dt 4.41-43). Mais tarde, na época de Josué, as outras três foram indicadas na parte oeste do Jordão. Elas estavam convenientemente situadas nas regiões  norte, central e sul da terra que habitavam. Seriam construídas e mantidas abertas estradas para essas importantes cidades (Dt 19.3). 
Em Hebreus 6.18 está indicado que as cidades de refúgio eram um tipo de Cristo. O apóstolo faz alusão a isso quando fala daqueles que fugiram procurando um refúgio, e também da esperança oferecida a eles. Nós procuramos o refúgio em Cristo, e nEle estamos a salvo do Vingador do sangue divino (Rm 5.9)" (PFEIFFER, Charles F. (Ed). Dicionário Bíblico Wycliffe. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp. 417-18).

IV. PUNIÇÃO
1. O sangue de Abel. O termo "sangue" de Abel em "A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra" (Gn 4.10), está no plural, no hebraico, que segundo o Talmude, antiga literatura religiosa dos judeus, significa "sangue de sua descendência" ou seja: "todo aquele que destruir uma vida em Israel a Escritura reputa como se tivesse destruído o mundo inteiro" (Sanedrin 4.5). Tal crime interrompe para sempre a posteridade da vítima. Em Hebreus é dito que o sangue da aspersão, de Cristo, fala melhor do que o sangue de Abel (Hb 12.24). Isso porque o sangue de Jesus clama por misericórdia, mas o de Abel por vingança (Gn 4.10,11).
2. O vingador. A lei dava o direito ao "vingador do sangue" (Nm 35.19,21b), goel, em hebraico, "redentor, remidor, vingador", de matar o assassino onde quer que o encontrasse. Vingar o sangue era, no Oriente Médio, uma questão de honra da família (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21). Era uma grande desonra para a família não vingar o assassinato de um ente querido. Isso é mantido ainda hoje nessa parte do mundo. Porém, o Senhor Jesus mandou substituir a vingança pelo perdão (Mt 5.38,39).  
3. Expiação pela vida. O crime de assassinato podia ser expiado por uma das duas maneiras estabelecidas na legislação mosaica. A primeira, no caso de homicídio doloso, em que uma vida é expiada por outra (Nm 35.31), o assassino deve ser morto, ou seja, era "vida por vida" (Êx 21.23). A segunda diz respeito ao homicídio culposo, a busca de proteção em uma das cidades de refúgio. A expiação, nesse caso, é a morte do sacerdote da cidade (Nm 35.25)

SÍNTESE DO TÓPICO IV

Não havia expiação para homicídio doloso; já para o homicídio culposo, havia as cidades de refúgio

CONCLUSÃO

O Senhor Jesus vinculou o sexto mandamento à doutrina do amor ao próximo. Devemos manter nossa posição em favor da paz e da fraternização dizendo "não" à violência em suas diversas modalidades, para a glória de Deus

PARA REFLETIR

Sobre o sexto mandamento:

O homem tem o direito de tirar a vida do outro?
Não. Explique que a vida é um dom de Deus e homem algum tem o direito de tirá-la.

O que você entende por "a santidade da vida"?
Resposta livre, mas deixe claro que a vida é um dom divino e, por isso, santa.

Por que ninguém tem o direito de tirar a vida do outro?
Porque ela é um dom de Deus. Logo, somente Ele tem o direito de dar fim aos dias de uma pessoa.

Deus perdoa quem comente o assassinato?
Se houver arrependimento sincero, Ele perdoa.

Quanto ao "aborto", a posição do crente deve ser contrária. Comente.
Sim. O aborto é o assassinato de uma vida. 

VOCABULÁRIO

Homicídio culposo - Quando uma pessoa mata outra, mas sem que tivesse esta intenção. 
Homicídio doloso - Quando há intenção de matar


CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - LIÇÃO 8 - Não matarás
Deus é o Senhor da vida! Por isso ordenou: Não matarás. Um mandamento que nem sempre o povo de Israel obedeceu. Cidades de Refúgio foram criadas em Israel para defender alguém que pudesse ser morto por causa de um assassinato por legítima defesa. Pois os criminosos que praticavam crimes hediondos pagariam com a própria vida. Não seria justo uma pessoa que matou outra para se defender pagar com o mesmo preço. Deus é justo!
Cidades de Refúgio, crimes hediondos e o próprio mandamento demonstram-nos o quanto seria duro para o povo de Israel conviver na terra de Canaã. O risco de se tornarem iguais ao Egito, mesmo longe do Egito, era iminente. O sexto mandamento defende a vida e afi rma que todos têm direito a ela. É um dom de Deus que deve ser respeitado como a própria imagem dEle. A vida é um milagre!
Não é difícil esquecermos este mandamento quando nos revoltamos com os crimes hediondos e tantos outros crimes praticados nos quatro cantos do mundo, apoiando o fazer justiça com as próprias mãos. O Senhor Jesus foi vítima do mais corrupto e cruel sistema de julgamento, mas qual foi o seu comportamento nesse processo? Combatia a vingança com o perdão: “Não te digo que até sete [que se deve perdoar], mas até setenta vezes sete” (Mt 18.22). Criticava a mentalidade popular que dizia “Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo” com “Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazendo bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais fi lhos do Pai que está nos céus” (Mt 5.43-45). E deu o maior exemplo com a própria vida enquanto os soldados romanos o crucifi cavam: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). Que difícil!
O “não matarás” é um mandamento para proteger a vida. Por mais que sejamos tentados a defender o “olho por olho e dente por dente”, diante de uma tremenda injustiça, precisamos fazer o exercício diário de olharmos para Jesus e nos lembrarmos de que, mesmo a sua vida esvaindo-se, o nosso Senhor exalava o perdão contra os seus algozes.

Lição 08 - Subsídio - Não Matarás (22 Fevereiro)

Postado por Alex Sandro





INTRODUÇÃO


A cada hora são assassinadas dezenas pessoas no mundo. No entanto, o texto bíblico soa muito claro. "Matar é pecado". Mais de dois milhões de pessoas morrem de forma violenta a cada ano no mundo destes, No entanto, a instrução desce cristalina no Monte Sinai: "não matarás".

Tirar a vida de um ser humano é o mais radical ato de violência. Quem o faz destrói a mais preciosa criação de Deus — o homem, feito “à imagem e semelhança do Criador”. Por isso, quando Deus sintetizou em dez mandamentos o que ele exige do homem, Ele ordenou: “Não matarás” (Êx 20.13).
Os teólogos de Westminster concluíram que nesse mandamento Deus proíbe “o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras; a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém” (Catecismo Maior).
Regulamentando a aplicação desse mandamento, o Antigo Testamento traz leis rigorosas e severas para punir a violência contra a vida humana. O assassinato era punido com a pena de morte (Êx 21.12). A mesma punição era aplicada ao proprietário de um animal que matasse um ser humano, caso ficasse provado que a morte resultou da negligência do dono do animal (Êx 21.29). O homicida tinha direito à defesa, mas era julgado com rigor.


1. O sexto Mandamento - Não Matarás

De Deus recebemos a existência, pois só n’Ele “está a fonte da vida” (Sl 35,10) e o poder de concedê-la ou de tirá-la é exclusivo do Criador. Quem ousará, então, interromper o curso de uma vida, antes do tempo desejado por Ele, sem incorrer em grave culpa?
No Antigo Testamento, Deus interpelou severamente a Caim, primeiro assassino da História: “Que fizeste! Eis que a voz do sangue do teu irmão clama por mim desde a terra. De ora em diante, serás maldito” (Gn 4,10-11). E, como expressão da lei natural que protege a vida humana, Ele estipulou no Decálogo: “Não matarás” (Ex 20,13).


Não Matarás - A vida pertence a Deus

Apesar dos evolucionistas afirmarem que o homem evoluiu de uma forma de vida inferior. 
A Palavra de Deus, no entanto, tem uma versão diferente para esse acontecimento, como podemos observar em Gênesis 2:7, que diz: "...E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente...". 
Observe também o que disse Davi de suas origens na vida humana, Sl. 139:13-16; ou a versão do amigo de Jó, Eliú, em Jó 33:4. Fica claro a partir destes versos que o ser humano é um produto do gênio criativo de um Deus Todo Poderoso, ou seja, Deus é o doador da vida, logo é Ele quem controla a entrada do homem nesta terra. Quando o homem apareceu pela primeira vez no planeta, Deus o Todo Poderoso estava lá; "...E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou..." (Gênesis 1:27). 


Assassinato envolve mais do que matar.

Envolve a justiça de Deus - A morte carrega consigo uma penalidade, Jesus afirma categoricamente que os assassinos serão punidos quando diz: "...Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno..." (Mateus 5:21-22). Alguns, assassinos, infelizmente acabam por ficarem impunes pela justiça dos homens. 
Mas eles, no entanto, não escaparão da face de Deus onde todos terão que dar conta de suas ações - Apocalipse 20:11-15. Vemos nas palavras de Jesus Cristo em Mateus 5:21-22, que o assassinato é mais do que um ato da carne, é uma atitude do coração.
No livro do Gênesis há um episódio muito triste e doloroso: a história de Caim e Abel. Ambos irmãos ofereciam sacrifícios a Deus, mas Caim oferecia o pior, enquanto Abel oferecia a Deus os melhores cordeiros do rebanho. Por isso, o fumo do sacrifício de Caim não subia ao céu, enquanto que o de Abel era agradável a Deus e subia ao céu. Caim sentiu inveja de seu irmão, convidou-o a passear pelo campo e com uma queixada de animal o matou.
Deus amaldiçoou a Caim por ter derramado o sangue de um homem inocente. O sangue inocente grita vingança ante Deus e Caim viveu errante durante o resto de sua vida, cheio de remorsos.
O quinto mandamento não só ordena “não matar”; mas também proíbe as brigas, agressões, invejas etc., e, sobretudo, ordena o respeito e o cuidado com a vida humana, que é um dom de Deus.


Só Deus é o dono e o senhor da vida

A vida humana é sagrada; desde seu início é fruto da ação criadora de Deus e sempre mantém esta especial relação com o Criador, origem e término de nossa existência. Só Deus é o senhor da vida desde o princípio até o fim; o ser humano não é mais do que administrador, e deve cuidar da própria vida e da de seus semelhantes.


Êxodo 20:13 Não Matarás ou

Êxodo 20:13 Não Assassinarás?

Os céticos, os ateus os hereges de maneira geral tem interpretado equivocada e/ou propositalmente o texto "Não Matarás". Alguns deduzem até que haja uma Contradição Bíblica, quando não há. Há um erro grotesco e obscuro de tradução da Bíblia. Já passou da hora de corrigir.  
O texto original da Bíblia de Exodo 20:13 usa a palavra hebraica:"rãsah" que se traduz como: assassinar/ assassinato. 
Não se pode assassinar um animal, um inseto, um verme, uma arvore etc.. Somente é possível assassinar seres humanos. O texto também poderia ser traduzido como Não pratiqueis Homicídio? Não! Como se explicaria as mortes nas guerras de Israel? Como Israel poderia vencer a guerra sem matar?


A DIFICULDADE DE INTERPRETAÇÃO

O escritor Altair Germano, comentando o tema diz: “Sempre que um estudo no sexto mandamento é realizado, surge uma série de questões complexas, polêmicas e controversas. 
O problema já começa quando se analisa a melhor tradução para o verbo hebraico ratsah que em nossas versões ganha um sentido geral para “matar”, quando na realidade o seu significado é específico. O Capítulo 20.23 de Êxodo no hebraico é lo’ tirtsah (não matarás).
No Dicionário Vine o verbo hebraico ratsah, de onde se deriva tirtsah, é traduzido por “matar, assassinar, destruir”. O Termo aparece principalmente no material legal (Lei), e nos profetas é usado para descrever o efeito da injustiça e ilegalidade em Israel (Os 4.12; Is 1.21; Jr 7.9). Na Septuaginta a tradução é phoneúseis (assassinarás).
Baco, ao comentar sobre o verbo ratsah, diz: [...] não é o verbo comum, neutro “matar”. 
Sempre fala de homicídio, culposo ou não. O mandamento enfatiza a gravidade do crime. 


Gênesis 9.6 explica: “Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado”. No caso das cidades de refúgio este verbo é aplicado ao homicídio sem intenção dolosa (Nm 35.16, 17). Mesmo assim, a separação destas cidades para esse fim, enfatiza a gravidade do caso [...].”

Tirar a vida de um ser indefeso contraria princípios bíblicos muito sérios:

1º: A vida é sagrada para Deus: “Se alguns homens estiverem brigando e ferirem uma mulher grávida, e por causa disso ela perder a criança, mas sem maior prejuízo para a sua saúde, aquele que a feriu será obrigado a pagar o que o marido dela exigir, de acordo com o que os juízes decidirem. Mas, se a mulher for ferida gravemente, o castigo será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, machucadura por machucadura.” (Êx 21:22-25).

2º: O Criador (e Juiz) não aprova que se mate o inocente: “ [...] não matarás o inocente e o justo [...]” (Êx 23:7).

A pena capital:

Gênesis 9,6: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem”.


A pena capital não somente é permitida, mas exigida pela Lei de Deus como um princípio geral de justiça. O castigo da pena capital não é aplicado como satisfação de sentimento de vingança ou retaliação, mas como aplicação de justiça e preservação social.

Levítico 24,17: “Quem matar alguém será morto”.

Esta punição declarada de forma direta na Escritura constitui-se em obrigação perpétua para a humanidade, pois, esta é uma lei moral que foi dada a Noé, muito antes da existência do povo judeu e das leis cerimoniais e civis estabelecidas no Monte Sinai.


Êxodo 21,12: “Quem ferir a outro, de modo que este morra, também será morto”.

Esta exigência tem uma conotação muito ampla e envolve não somente o homicídio e os danos morais e materiais infligidos aos homens, mas também a danos causados por omissão de qualquer espécie e a tudo aquilo que degrada o homem em sua saúde.

Êxodo 21,14-16: “Se alguém vier maliciosamente contra o próximo, matando-o à traição, tirá-lo-ás até mesmo do meu altar, para que morra. Quem ferir seu pai ou sua mãe será morto. O que raptar alguém e o vender, ou for achado na sua mão, será morto”.


No Novo Testamento temos claras indicações de que a pena capital é lícita e continua em vigor, como podemos ver na declaração do apóstolo Paulo no livro de Atos, onde ele considera expressamente válida a pena de morte em casos indicados.


Atos 25,11: “Caso, pois, tenha eu praticado algum mal ou crime digno de morte, estou pronto para morrer; se, pelo contrário, não são verdadeiras as coisas de que me acusam, ninguém, para lhes ser agradável, pode entregar-me a eles. Apelo para César”.

Na Carta aos Romanos o apóstolo diz que o magistrado traz a espada, esta simbologia do porte da espada pelo magistrado é considerada por todos os escritores da antiguidade como o poder da execução do malfeitor, não existe dúvida quanto a isto.
Romanos 13,4: “Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal”.
De acordo com Charles Hodge, a questão prática desta lei é a seguinte: “Quem deve morrer? O inocente ou o assassino?”.


- A legitima defesa:

A defesa própria ou de familiares e amigos ameaçados não se constitui em crime conforme este mandamento por vários motivos expostos abaixo:
1 – Este homicídio cometido em defesa da vida ou da integridade da pessoa não é malicioso ou intencional, mas uma contingência onde se apresenta a opção da vida do agressor, em situação de dolo, e do agredido, sem razão ou justificação legal.
Tanto o juízo universal como o mandamento consideram inocente aquele que agiu em defesa da vida ou da integridade - a resposta acima diz: “O sexto mandamento exige todos os esforços lícitos para conservar a nossa vida e a dos nossos semelhantes”. 
Inclui-se neste caso, particularmente, os policiais e militares em serviço, que por força de sua profissão muitas vezes encontram-se face a face com bandidos e marginais da mais alta periculosidade e são obrigados a matar em defesa própria ou na defesa de outras pessoas ameaçadas.


Jesus Comenta o Sexto Mandamento

- “Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; aquele que matar terá que responder em juízo”.


OUVISTE - O ensino tradicional se transmitia oralmente, sobretudo nas sinagogas.

Jesus apresenta agora exemplos específicos de sua interpretação da lei. Como Autor e seu único verdadeiro Expositor. Pondo de lado a casuística rabínica, Jesus restaurou a verdade a sua formosura original. A expressão ouvistes implica que a maioria dos ouvintes nesta ocasião não tinham lido eles mesmos a lei. Isto era de se esperar, porque a maioria deles eram rudes lavradores e pescadores. Quando conversou mais tarde com os eruditos sacerdotes e anciãos, Jesus perguntou: Nunca lestes nas Escrituras? Mateus 21: 42. No entanto, esse mesmo dia um grupo de pessoas comuns do povo, dentro do átrio do Templo, dirigiu-se a Jesus dizendo: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece para sempre João 12: 34.


FOI DITO - Ao citar a antigos expositores da lei, os rabinos com freqüência apresentavam o que esses eruditos tinham dito, com as palavras que Jesus emprega aqui. Nos escritos rabínicos estas palavras se usam também para apresentar citações do AT.

A EXTENSÃO DO MANDAMENTO – “NÃO MATARÁS”

ABORTO: “Não matarás [o feto]” (Êx 20:13).

Certa vez, Ronald Regan, ex-presidente dos EUA, comentou: “todos que são a favor do aborto já nasceram”.
O ser humano deve ser respeitado desde o momento de sua existência, no ventre de sua mãe, e deve ter todos os seus direitos de pessoa humana. "Antes mesmo de Te formares no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei" (Jr 1,5).
A Igreja repudia este ato de maldade moral. O aborto provocado é gravemente contrário ao quinto mandamento e à lei moral e consiste em uma prática monstruosa. Todos os que cooperam com este ato estão cometendo uma falta gravíssima e estão sujeitos à excomunhão pelo próprio fato de cometer o delito contra um inocente.
Desde a sua concepção, o embrião deverá ser defendido em sua integridade, cuidado e curado, na medida do possível. 
Legalizar o aborto traria muito mais problemas do que soluções porque as pessoas irresponsáveis ser aproveitariam disso para se tornarem mais irresponsáveis ainda. Afinal, elas acham “mais fácil” tirar um feto depois de uma “gravidez indesejada” do que assumir a responsabilidade pelo filho (a) que fez. Infelizmente, na hora de “fazer”, quase ninguém pensa nas consequências.
Além disso, pessoas que optam pelo aborto desconsideram que um filho é uma “herança do Senhor” (Sl 127:3), que servirá de instrumento divino para desenvolver nelas a paciência e abrandar o sentimento egoísta. Quem é pai ou mãe sabe o quanto um filho melhora nosso caráter quando deixamos que isso aconteça. Quando temos um filho sabemos um pouquinho da profundidade do amor de Deus por cada pecador, de modo que O amamos ainda mais.


Tirar a vida de um ser indefeso contraria princípios bíblicos muito sérios:

1º: A vida é sagrada para Deus: “Se alguns homens estiverem brigando e ferirem uma mulher grávida, e por causa disso ela perder a criança, mas sem maior prejuízo para a sua saúde, aquele que a feriu será obrigado a pagar o que o marido dela exigir, de acordo com o que os juízes decidirem. Mas, se a mulher for ferida gravemente, o castigo será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, machucadura por machucadura.” (Êx 21:22-25).


2º: O Criador (e Juiz) não aprova que se mate o inocente: “ [...] não matarás o inocente e o justo [...]” (Êx 23:7).

A EUTANÁSIA:

Consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, gravemente doentes ou moribundas. 
Assim, toda ação de intenção ou omissão que acarrete o fim da dor, através da morte é gravemente contrária à dignidade do ser humano e ao Deus Vivo, seu criador. Quem prática e colabora com esta prática monstruosa está cometendo um assassinato.
Renovato destaca mais uma vez as complexidades éticas envolvidas na questão, se posicionando, no caso da eutanásia ativa, contrário à prática. No caso da eutanásia passiva, cita um dos pontos da Declaração da Congregação para a doutrina da Fé, com o posicionamento oficial da Igreja Católica sobre a questão, que é contrária à prática. 
Seguimos também os referidos posicionamentos.


O SUICÍDIO: - Abusos que atentam contra a vida:

A própria vida - intemperança, suicídio: É muito difícil acreditar que pessoas cristãs que esperam em uma vida futura venham a se suicidar, o suicídio é realizado com maior frequência entre pessoas que perderam ou não possuem a fé em Cristo.
Todos somos responsáveis por nossa própria vida diante de Deus, que é o seu único e verdadeiro soberano. Somos meros administradores de nossa vida e não podemos desfazer dela. O suicídio é contrário à perpetuação da própria vida e ao amor do Deus Vivo.
Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida. A Igreja ora pelas pessoas que atentam contra a própria vida.
Existem três casos de suicídio na Bíblia, Saul, Aitofel e Judas, todos eles haviam sido abandonados por Deus quando cometeram o suicídio.


1- Saul - 1 Samuel 31,4: “Então, disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada e atravessa-me com ela, para que, porventura, não venham estes incircuncisos, e me traspassem, e escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não o quis, porque temia muito; então, Saul tomou da espada e se lançou sobre ela”.

2- Aitofel - 2 Samuel 17,23: “Vendo, pois, Aitofel que não fora seguido o seu conselho, albardou o jumento, dispôs-se e foi para casa e para a sua cidade; pôs em ordem os seus negócios e se enforcou; morreu e foi sepultado na sepultura do seu pai”. 

3- Judas - Mateus 27,5: “Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se”.

CONCLUSÃO

Devemos respeitar nossa própria vida. Nosso corpo é templo do Espírito Santo, pelo que devemos glorificar a Deus em nosso corpo e em nosso espírito (1Coríntios 6.19-20)
Devemos aceitar o oferecimento da vida, por meio da morte, apresentado a nós por Jesus Cristo. Sabemos que o salário do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna através de Jesus Cristo, nosso Senhor (Romanos 2.23). Ele nos criou e nos dá a vida eterna.


Devemos respeitar a vida dos outros, e viveremos o absoluto de Deus,

- defendendo a vida, sempre, pois ela tem uma dignidade própria como criação de Deus, de quem o homem é imagem e semelhança;
- afirmando a vida, sempre, mesmo que isto nos coloque contra a corrente, que favoreça o aborto;
- praticando a distanásia, não a eutanásia;
- promovendo a paz. (Ou será que os não-cristãos serão campeões desta causa?)